Senhor do Bonfim parece preso ao passado. Continuamos celebrando como grande obra aquilo que deveria ser apenas o básico: passagens molhadas, extensões de redes de água e energia, pequenas pavimentações, ambulâncias pontuais. Isso tem sido a rotina de décadas — o ciclo se repete e a cidade permanece quase imóvel.
Quando penso em desenvolvimento real, não consigo enxergar um futuro que não inclua educação forte e oportunidades estruturantes. Uma faculdade pública com cursos de qualidade, relevantes e atrativos seria um divisor de águas. Uma instituição assim muda o fluxo da economia: movimenta o mercado imobiliário, aquece o comércio, amplia serviços, puxa entretenimento, cria vida urbana e estimula inovação. É isso que transforma cidades.
Também não dá para falar em futuro sem atração de indústrias e grandes empresas, que geram empregos duradouros, diversificam a matriz econômica e dão rumo ao crescimento. E, claro, sem esquecer a base da cidadania: um sistema de saúde robusto, com hospitais que atendam do rico ao pobre com dignidade, agilidade e capacidade técnica.
Tudo isso parece distante — mas não impossível. Como disse John Lennon em Imagine, “sou um sonhador”. E é exatamente o sonho que move progresso. Falta à cidade deixar de se contentar com o mínimo e começar a planejar grande.
Senhor do Bonfim merece mais do que remendos: merece visão, planejamento e coragem para mudar de patamar.
Por Cleber Vieira



