Um homem ruandês de 71 anos tornou-se um fenômeno nas redes sociais após a sua história, tão incomum quanto comovente, ganhar repercussão nacional e internacional. Callixte Nzamwita vive completamente isolado há mais de cinquenta anos devido à ginofobia — um transtorno caracterizado por medo extremo, irracional e incapacitante de mulheres.
De acordo com moradores da região, o problema começou quando Callixte tinha apenas 16 anos. Em vez de diminuir com o tempo, o pânico diante da presença feminina só piorou. Incapaz de controlar as reações físicas e emocionais — que incluíam tremores, suor excessivo e uma intensa sensação de ameaça — ele decidiu erguer uma cerca alta ao redor da própria casa, iniciando um período de isolamento que perdura até hoje.
A cerca, construída inicialmente com madeira e reforçada com galhos e folhas secas, transformou-se ao longo das décadas em uma verdadeira muralha improvisada. Callixte raramente ultrapassa os limites do quintal e nunca permite que mulheres se aproximem, mesmo que seja para oferecer ajuda. Segundo testemunhas locais, basta perceber uma figura feminina por perto para que ele se retraia, escondendo-se atrás de portas ou fugindo para os cantos mais afastados da propriedade.
Ainda assim, a comunidade ao redor se organiza para garantir que ele sobreviva com dignidade. Os vizinhos, quase todos homens, desenvolvem uma rotina de apoio silencioso: deixam comida, água e outros suprimentos encostados em um tronco específico — considerado a “linha de segurança” pela qual Callixte orienta até onde alguém pode se aproximar. Em troca, ele mantém um espaço limpo e tranquilo e, ocasionalmente, comunica-se por gestos ou poucas palavras, sempre à distância.
Apesar do isolamento rigoroso, Callixte é descrito como um homem educado, lúcido e cuidadoso com a própria casa. Moradores mais antigos lembram que, antes de se afastar totalmente da sociedade, ele era um jovem tranquilo e trabalhador, mas extremamente tímido. Muitos lamentam que, pela falta de acesso a tratamento psicológico ao longo das décadas, sua condição tenha se agravado a ponto de moldar toda a sua vida.
A história, que recentemente ganhou destaque nas redes sociais e em pequenos veículos de imprensa locais, reacendeu debates sobre saúde mental, estigma e acesso a cuidados especializados em regiões rurais. Para alguns, Callixte representa um caso extremo de um transtorno pouco discutido. Para outros, simboliza como a falta de suporte pode condenar uma pessoa a uma existência inteira repleta de medo.
Mesmo após cinco décadas de reclusão, seus vizinhos afirmam que continuarão protegendo e respeitando seus limites — enquanto esperam que, um dia, ele possa encontrar ajuda profissional que o permita reconquistar ao menos parte da liberdade que perdeu ainda na adolescência.



