Durante audiência na Câmara dos Deputados em Fortaleza, realizada na última quinta-feira (19), a motorista de aplicativo e representante do grupo @aguiasnoasfalto, Daniele Moraes @dany_moraes_jesus, destacou a sobrecarga enfrentada por motoristas — em especial mulheres e mães — e pediu que a regulamentação em debate garanta direitos básicos de defesa, segurança e remuneração justa.
Segundo Daniele, muitas motoristas chegam a rodar entre 12 e 16 horas por dia, muitas vezes durante a madrugada nas capitais. Ela afirmou que “não tem como criar uma lei para defender os direitos de um povo sem ouvir essas pessoas” e ressaltou que a proposta em discussão só será efetiva se considerar a realidade da categoria.
A representante relatou que, mesmo após anos de dedicação e milhares de corridas realizadas, motoristas podem ser bloqueados sem explicação. Ela citou o exemplo de uma colega com mais de 30 mil viagens concluídas que, ainda assim, poderia perder o acesso à plataforma a qualquer momento. Isso porque, segundo Daniele, sempre há novos motoristas dispostos a entrar no lugar, menos experientes, aceitando corridas mal remuneradas — e, por isso, mais lucrativos para as plataformas.
Daniele criticou especialmente a prática de corridas mínimas de R$ 5,80, valor que considerou inferior até mesmo à tarifa do transporte coletivo. “Você coloca quatro pessoas no carro para pagarem juntas R$ 5,80. Isso é mais barato que uma passagem de ônibus”, afirmou. Para ela, esse cenário compromete a dignidade do trabalho e intensifica a exploração da categoria.
Daniele concluiu sua fala lembrando marcos históricos de proteção social e comparando a luta atual dos motoristas de aplicativo a esses momentos: “Em 1888, uma mulher assinou a lei que aboliu a escravidão. Depois, outra lei foi criada para defender os trabalhadores. Em 2025, viemos pedir que os deputados criem uma lei que defenda a categoria dos motoristas por aplicativo.”



