O tema ganhou força após as análises do Dr. Clive Boddy, professor da Anglia Ruskin University, que chamou atenção para a sub-representação das mulheres nos estudos tradicionais. Segundo Boddy, avaliadores podem relutar em rotular mulheres como psicopatas por preconceitos sociais e institucionais, o que distorce os números históricos. Essas observações foram apresentadas em sua publicação no British Veterinary Association Occasional Paper 9 e em sua palestra no Cambridge Festival of Ideas. (Fonte: British Veterinary Association – Occasional Paper 9; Cambridge Festival of Ideas)
Estimativas antigas sugeriam que para cada mulher psicopata existiam dez homens, mas Boddy argumenta que essa proporção pode ser imprecisa. Utilizando a Levenson Self-Report Psychopathy Scale (LSRP), ferramenta de autorrelato amplamente usada em pesquisas comportamentais, ele encontrou uma distribuição muito mais equilibrada entre os gêneros. (Fonte: Levenson, K. – Levenson Self-Report Psychopathy Scale)
Em suas análises, o pesquisador observou que cerca de 1% dos homens atinge o nível associado à psicopatia plena, mas aproximadamente 23% exibem traços psicopáticos relevantes, como manipulação, frieza emocional e impulsividade. Entre as mulheres em ambientes profissionais, especialmente entre trabalhadoras de colarinho branco, entre 12% e 13% apresentaram níveis de comportamentos socialmente disruptivos relacionados à psicopatia. Esses dados surgem de estudos conduzidos por Boddy ao longo da última década, incluindo pesquisas publicadas em revistas acadêmicas de comportamento organizacional. (Fonte: Boddy, C. – Corporate Psychopaths: Organizational Destroyers, Springer; British Veterinary Association – Occasional Paper 9)
Boddy ressalta que a psicopatia deve ser entendida como um espectro, e não como uma categoria fixa. Muitas pessoas com traços psicopáticos funcionam socialmente e profissionalmente sem apresentar comportamentos criminosos, característica mais comum em mulheres psicopatas não violentas, que tendem a operar de modo mais subtil, manipulativo e emocionalmente estratégico. (Fonte: Skeem, J., & Cooke, D. – Psychological Science in the Public Interest)



