Dia do Motorista homenagem aos irmãos Cordeiro

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OS IRMÃOS CORDEIRO

Por Paulo Machado

Menino, ainda, na década de sessenta, ouvi e vi chegarem a Senhor do Bonfim, várias vezes, os irmãos Cordeiro, em seus vistosos caminhões. Chegavam à cidade, quer pela Rua Barão do Cotegipe (vindos de Salvador ou da Rio-Bahia), quer pela Rua Visconde do Rio Branco (vindos de Juazeiro e do Nordeste) com muita buzina, muito barulho, despertando da costumeira letargia a então pacata e silenciosa Senhor do Bonfim. Suas buzinas eram diferentes, musicais, e não havia quem não saísse à janela ou à porta gritando: “Zé Cordeiro e Enéas Cordeiro!”
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Interessante, e poucos sabem, é que os irmãos motoristas que povoaram o nosso imaginário bonfinense ao longo de boas décadas, embora chamados de “Cordeiro”, não possuíam este sobrenome em seus documentos. Eles eram “José Cupertino de Andrade”, nascido aos 18 de setembro de 1922 e “Enéas Carlos de Andrade”, nascido aos 4 de novembro de 1925. O sobrenome Cordeiro lhes foi dado em Campo Formoso, onde trabalharam em seu inicio profissional, pelo fato de serem identificados como “sobrinhos do Major Cordeiro”. Daí a se chamarem José Cordeiro e Enéas Cordeiro foi um pulo.
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Geralmente levando e trazendo produtos, contratados por Chico Filgueira, João Conceição, Zé de Jovino, Aurino da Bonfinense, Antonio do Rubem, Zeca Bonfim e outros, os Irmãos Cordeiro foram em nossa terra os “Pioneiros da Rodagem”. Entendemos “rodagem” como as estradas que antecederam um Brasil não asfaltado. Faríamos justiça se disséssemos que eles desbravaram os mundos que nós sabíamos que havia mas não conhecíamos, a não ser pelo imaginário, os mundos que estavam longe de nós e que só eram alcançados pelas quatro rodas de seus zelados, vistosos e atraentes caminhões, que provocavam os suspiros de muitas mulheres e a vibração de muitas crianças.

Foto: Acervo Paulo Machado

Trechos da crônica “Os Irmãos Cordeiro: os pioneiros da era rodoviária bonfinense”, publicada por Paulo Machado em abril de 2014.