Dívidas de empresas em recuperação judicial superam PIB de quase todos os estados brasileiros

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Um levantamento da Quantum Finance revela que as 10 maiores dívidas das empresas em recuperação judicial no Brasil somam, juntas, R$ 141 bilhões. O valor supera o PIB de quase metade dos estados brasileiros. Os dados consideram apenas empresas de capital aberto na B3 em recuperação judicial nos últimos dois anos e números consolidados dos balanços financeiros mais recentes.

O relatório, requisitado em matéria pela InfoMoney, detalha que a varejista Americanas (AMER3) lidera a lista, com uma dívida consolidada de R$ 50,8 bilhões, seguida da operadora de telecomunicações Oi (OIBR4), que apresentou um montante de R$ 50,6 bilhões devidos aos credores. Na terceira colocação, a empresa de energia Light (LIGT3) contabiliza R$ 16,7 bilhões. Em um comparativo, as economias de 12 estados brasileiros (45% do país) são menores que as 10 maiores dívidas das empresas em recuperação judicial no país, incluindo nessa conta Amazonas, cujo PIB é de R$ 131,5 bilhões, e Maranhão, de R$ 124,9 bilhões, destacou o vice-presidente do conselho de administração do IBRI, André Vasconcellos.

Em 2023, as tentativas de renegociar dívidas com credores já haviam acelerado e nos quatro primeiros meses de 2024, um número ainda maior de empresas recorreu ao mecanismo para evitar falência. No acumulado do ano até abril, a quantidade de companhias que pediram recuperação judicial no Brasil cresceu 80% frente ao mesmo período de 2023, mostram dados da Serasa Experian. Foram 685 pedidos nos quatro primeiros meses, contra 382 no intervalo anterior. No ano passado, os pedidos já haviam acelerado 68,7% ante 2022.

Perfil da dívida afeta liquidez

O perfil das dívidas das empresas brasileiras pode ser uma das explicações para a avalanche de pedidos de recuperação judicial recentes, é o que aponta Vasconcellos. Como elas variam em custo e condições, podem representar um risco maior para a liquidez da companhia quando são de curto prazo. As taxas de juros associadas às dívidas, o spread para entender o risco percebido pelo mercado, assim como o perfil de vencimento, incluindo cronograma de pagamentos, capacidade de reescalonamento e refinanciamento são outros pontos mencionados.

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“Empresas com boa governança tendem a ter práticas mais robustas de gestão de dívida, seja pelo fornecimento de relatórios financeiros detalhados e transparentes, incluindo informações claras sobre a estrutura da dívida, vencimentos, custos e riscos associados”, acrescenta.

O cenário macroeconômico, que frequentemente enfrenta períodos de volatilidade influenciada por inflação, variações nas taxas de juros e câmbio, e o cenário político, se tornam assim mais vulneráveis e acabam pesando sobre a capacidade de financiamento das empresas. A área de serviços – setor mais representativo no PIB brasileiro – foram as que mais entraram com pedidos na justiça este ano, seguidas do comércio, indústria e setor primário. Os pedidos de falência também cresceram. Segundo a Serasa, em abril foram 90, alta de 69,8% frente ao mesmo mês do ano passado.