Adélia Pinheiro deixa Secretaria de Educação em meio a desgaste para ser candidata a prefeita

0
18

A atual secretária da Educação, Adélia Pinheiro (PT), anunciou, nesta sexta-feira (5), a sua saída da pasta. Em meio a um desgaste político causado pela polêmica e criticada portaria da “aprovação em massa”, que estimula os professores a avançarem os alunos de série, a médica deixa o cargo para ser candidata à prefeitura de Ilhéus.

“Me despeço hoje da Secretaria de Educação com o coração repleto de orgulho e gratidão. Desejo a cada uma e a cada um dessa equipe competente e dedicada que permaneça no caminho pela construção de educação pública fortalecida, enquanto eu seguirei meu caminho na defesa do nosso projeto”, escreveu, em uma publicação no Instagram.

A estadia da petista na Secretaria de Educação (SEC) se encerra sem sequer completar um ano e quatro meses. Ela foi nomeada no início do governo de Jerônimo Rodrigues (PT) em 2023, mas a ex-titular da SEC já fazia parte das gestões petistas. Ela esteve à frente da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e da Secretaria de Saúde na administração do ex-governador Rui Costa (PT), atual ministro da Casa Civil. Antes de entrar para o primeiro escalão de governos do PT, ela foi reitora por duas gestões consecutivas na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) entre os anos de 2012 e 2019.

Apesar do pouco tempo na SEC, Adélia Pinheiro sai da secretaria após duro embate com os professores, que se posicionaram contra a portaria da “aprovação em massa” e pedem a revogação da medida, publicada no dia 27 de janeiro deste ano. A secretária, no entanto, resistiu ao pleito dos docentes e, em um encontro com a categoria, mostrou-se bastante insatisfeita com a reivindicação.

Adélia conclui sua passagem pela secretaria sem também conseguir melhorar índices de Educação do estado. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostrou que a Bahia tem a menor taxa de jovens de 18 a 24 anos cursando o Ensino Superior do Brasil. Apenas 17,1% dos baianos nesta faixa etária estão nas universidades. A falta de renda, a distância para os centros universitários e a dificuldade de pagar uma faculdade privada são os motivos para a baixa presença desta juventude no Ensino Superior.

A enorme disparidade entre professores indígenas da rede estadual e os não indígenas também causou desgaste e Adélia Pinheiro deixa a Secretaria de Educação sem resolver o problema. Enquanto os docentes não indígenas recebem um salário-base de R$ 4.420,55 para uma carga horária de 40 horas semanais, os indígenas recebem apenas R$ 1.253,12. Isso destaca uma diferença de R$ 3.167,43 entre os dois grupos de educadores.

Os professores indígenas ingressaram na rede estadual de ensino no concurso público de 2014 e, desde 2016, reivindicam uma equiparação do salário. “A gente quer receber minimamente um valor que seja de acordo com a classe. Quando você diz assim: ‘eu sou efetivo do governo do Estado’, você tem uma visão de que a pessoa ao menos tem um salário decente, tem um valor que possa receber com decência do seu trabalho. E a gente hoje não sente isso, a gente sente uma indiferença com os professores indígenas”, disse Rodolfo Moreira, professor pertencente à etnia Kaimbé da região de Euclides da Cunha.