ARTIGO:Estranhos monumentos e seus históricos significados

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ESTRANHOS MONUMENTOS E SEUS HISTÓRICOS SIGNIFICADOS

(Senhor do Bonfim, Bahia, 25 de abril de 2024).

*Josemar Santana

Muitos monumentos são chamados popularmente de MONUMENTOS À BESTRIRA, simplesmente por falta de conhecimento popular de suas origens histórico-culturais e do significado dos seus simbolismos, o que torna comum gente ver certos monumentos e não entender os seus significados.

E isso ocorre porque, na maioria dos casos, não existem inscrições, seja porque se apagaram pelo tempo, ou porque nada foi escrito a seu respeito, ou, mais do que isso, porque nunca nos demos ao trabalho de ler os textos neles inscritos.

É aí que a falta de informação nos leva a exercitar a nossa criatividade humorística, a ponto de denominar certos monumentos de MONUMENTOS À BESTEIRA.

Tudo porque não entendemos a razão da existência de alguns desses monumentos e a nossa ignorância sobre o seu significado histórico-cultural nos motiva a achar que suas existências são verdadeiras homenagens sem sentido, portanto monumentos à beiteira.

No entanto, posso assegurar que todos os monumentos têm a sua razão de ser, porque todos eles possuem um significado que marca um certo aspecto histórico da vida da sociedade, no momento de suas criações e construções.

Geralmente esses monumentos são criados por attistas plásticos, especializados em esculturas que simbolizam a sua forma de interpretar vontades e sentimentos populares ou marcas institucionais, segundo a visão e compreensão da sensibilidade artística do seu autor.

A FONTE DA RAMPA DO MERCADO, em Salvador, como é conhecida a escultura do artista plástico baiano Mário Cravo (já falecido), por exemplo, instalada em janeiro de 1970, na Praça Visconde de Cairú, entre o casario antigo da Conceição da Praia e a sede do 2º Distrito Naval, ali na parte baixa do Elevador Lacerda, ocupa o espaço do antigo Mercado Modelo, destruído por incêndio no final dos anos 60, que o levou a ser reinstalado no antigo prédio da Alfândega, onde funciona até os dias atuais.

Esase monumento é denominado MONUMENTO Á CIDADE DO SALVADOR, MAS POUCAS PESSOAS SABEM DISSO, E POR ESSA FALTA DE CONHECIMENTO CHEGAM A APELIDÁ-LO DE monumento À BESTEIRA, quando, na verdade, faz alusão às velas dos milhares de veleiros que chegam e saem ao Porto de Salvador.

Ainda em SALVADOR, bem perto do Monumento criado por Mário Cravo, foi inaugurado em 2022, outro monumento, este, criado pelo artista plástico Tatti Moreno, em homenagem póstuma às vítimas e aos profissionais de saúde que lutaram no combate à Pandemia da Covid 19.

Mesmo com simbolismo tão forte e bem recente, esse monumento que enriqueceu a visão cênica ao ambiente, também não escapa à ignorância popular a seu respeito e muitas vezes é chamado de MONUMENTO À BESTEIRA,

A ausência de conhecimento histórico-cultural do povo é, portanto, o grande motivo pelo qual a população leiga sobre certos monumentos, em vez de se informar sobre seus significados, recorre ao seu sentido humorístico e apelida monumentos tão importantes de MONUMENTOS À BESTEIRA.

Em PETROLINA, bem perto daqui de Bonfim, um monumento construído na rotatória de ligação entre o centro da cidade e outros municípios vizinhos e também a localidades do interior municipal, é conhecido popularmente por MONUMENTO À BESTEIRA, apesar de servir de referência para indicar a localização de empreendimentos empresariais e bairros.

No entanto, aquele monumento significa a vocação de PETROLINA para a expansão do seu desenvolvimento, representando cada placa de concreto vertical que o compõe, a crença na sua capacidade de alcançar sempre o progresso, lutando pelo desenvolvimento sócio econômico.

Em CAPIM GROSSO, o monumento que fica na rotatória de ligação da cidade com outros municípios, construído em estrutura de aço, simboliza a marca do Governo Lomanto Júnior, que construiu a Rodovia de ligação entre Tanquinho de Feira e Juazeiro, em meados dos anos 60.

Esse monumento de CAPIM GROSSO também tem sido vítima da nossa ignorância histórico-cultural a seu respeito, a ponto de apelidarem-no pejorativamente de “Chifres do Lomanto”.

Aqui em BONFIM, temos alguns monumentos que são igualmente desconhecidos da população sobre o seu real significado ou simbolismo de suas existências, podendo ser citado aquele instalado na Praça Juracy Magalhães (em frente ao prédio antigo d Prefeitura), de origem histórico-cultural simbolizador do marco inicial da povoação da nossa Tapera, elevada à categoria de Vila (Nova da Rainha) e por fim, elevada à categoria de Cidade de Senhor do Bonfim..

No contorno da BR-407 (Rodovia Lomanto Júnior), temos um grande monumento em forma de torres verticais e paralelas em concreto e que ninguém sabe que significa a marca da então Secretaria Estadual de Viação e Obras  Públicas, responsável pela construção da Rodovia Lomanto Junior, simbolizando o orgulho baiano de ter construído tão importante rodovia, imprescindível para o desenvolvimento da região norte do Estado da Bahia e a sua integração ao Nordeste brasileiro.

Esse monumento, agora revitalizado pela atual administração municipal, com a construção vizinha da maior sanfona do mundo em escultura de concreto, também tem sido vítima do nosso desconhecimento de suas origens e tem sido chamado de monumento à besteira.

Como se vê, besteira mesmo tem sido a nossa falta de conhecimento do simbolismo histórico-cultural dos nossos monumentos.*Josemar Santana é jornalista e advogado