Artigo:Se o meio ambiente é o endereço do futuro, o que estamos fazendo para garantir nossa morada?

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Começarei essa matéria falando um pouco sobre o SOLO, base fundamental para nossa alimentação. No modelo atual de cultivo, o solo é bombardeado com adubos químicos, agrotóxicos, fungicidas, bactericidas e outros, e o solo fica exposto safra após safra. Se considerarmos que a vida do solo encontra-se entre 20 a 30 cm da superfície e que essa exposição ao clima tropical (do Brasil) associado às quantidades de insumos utilizados na agricultura, destroem a micro vida do solo, tornando o solo pobre com função apenas de sustentação de raízes, resultando em uma dependência cada fez maior de produtos sintéticos (com potencial maléfico para os seres humanos) veremos que esse modelo de agricultura esta fadado ao fracasso em longo prazo, tanto pela destruição de áreas cada vez maiores, pois  uma fez que o solo é esgotado o mesmo é descartado, seja pelo desmatamento que novas áreas requerem seja pela grande quantidade de insumos químicos para garantir essas produções. 

Então o que devemos fazer para evitar essa degradação do solo? Existem diversos modelos de agricultura de baixo impacto como a agricultura regenerativa como o nome diz regenerar e proteger o solo da temperatura elevada, do excesso de águas das chuvas, deixando coberto e protegido. Esse modelo atual que utilizamos de manejo do solo (deixar solo exposto) ainda é reflexo da colonização por povos europeus (países frios) que em muitos deles o solo chega a congelar, por isso a pratica de arar, ou seja, inveterar camadas para aquecer, desnecessário em nosso clima de caatinga.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

O texto acima baseado em um artigo da Dra. Ana Primavesi transcreve um dos principais indicativos das ocorrências e impactos negativos referente ao clima, uma vez que a agricultura envolve desmatamento descontrolado, irrigação de grandes áreas sem os estudos necessários, erosão, compactação e salinização do solo, por outro lado à pecuária extensiva, contribui para o aumento do efeito estufa e pouco sequestro de carbono colocando o Brasil em um cenário não favorável como aponta a REDE WWF:

1-No nordeste do Brasil as áreas semi-áridas e áridas vão sofrer uma redução dos recursos hídricos por causa das mudanças climáticas. 2 A vegetação semi-árida provavelmente será substituída por uma vegetação típica da região árida. Nas florestas tropicais, é provável a ocorrência de extinção de espécies. 3 A recarga estimada dos lençóis freáticos irá diminuir dramaticamente em mais de 70% no nordeste brasileiro (comparado aos índices de 1961-1990 e da década de 2050).  4 As chuvas irão aumentar no sudeste com impacto direto na agricultura e no aumento da freqüência e da intensidade das inundações nas grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. 5 No futuro, o nível do mar, a variabilidade climática e os desastres provocados pelas mudanças climáticas devem ter impactos nos mangues. 6 De 38 a 45% das plantas cerrado correm risco de extinção se a temperatura aumentar em 1.7°C em relação aos níveis da era pré-industrial.

Hoje, o planeta já está 0,7ºC mais quente que na época.

CONSUMO SUSTENTÁVEL

Outra importante pratica é o Consumo Sustentável, a sustentabilidade depende da valorização de hábitos que levam em conta o impacto causado ao meio ambiente na produção e consumo de produtos e serviços. O Consumo Sustentável inclui a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produção, emprego decente e viabilidade econômica.

Uma inovação interessante são as Compras Públicas Sustentáveis, pouco utilizadas pelas gestões municipais, tem como objetivo as contratações governamentais. No Brasil  as Compras Publicas Sustentáveis movimentam recursos em cerca de 10 a 15% do produto interno bruto – PIB, merecem registro os esforços realizados pelo governo federal no sentido de aprimorar a gestão pública. 

RESÍDUOS SÓLIDOS 

Um importe eixo referente ao Meio Ambiente são o lixões, regulamentado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 Todos os anos os 209 milhões de brasileiros geram resíduos sólidos em suas rotinas, de acordo com seus padrões de produção e consumo de bens e serviços. Foram atribuídas metas e responsabilidades para minimizar os impactos socioambientais, bem como diminuir a pressão sobre os recursos naturais, por meio da não-geração, redução, reutilização, reciclagem e disposição final ambientalmente adequada dos resíduos gerados. 

Segundo dados Ministério do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério do Desenvolvimento Regional (SNIS e SINIR, 2020), a Região Nordeste destina 4,4 milhões de ton/ano aos lixões e 4,3 milhões a aterros controlados. 

O ranking de destinação final inadequada dos resíduos sólidos urbanos no ano de 2019 mostra que:

  1. Região Norte: 34,9% lixões e 29,8% aterros controlados, total 64,7%;
  2. Região Nordeste: 31,5% lixões e 32,9% aterros controlados, total 64,4%;
  3. Região Centro-Oeste: 22,8% lixões e 35,9% aterros controlados, total 58,7%
  4. Região Sul: 11,1% lixões e 18,3% aterros controlados, total 29,4%.
  5. Região Sudeste: 10,1% lixões e 17,2% aterros controlados, total 27,3%;

A gestão adequada dos resíduos sólidos ainda é um desafio nacional. Segundo Pesquisa de Informações Básicas Municipais – Munic, realizada em 2017 (IBGE, 2018a), quase metade dos 5.570 municípios brasileiros não tem um plano integrado para o manejo do lixo. Segundo dados do Compromisso Empresarial para Reciclagem – CEMPRE [2018 ou 2019].

AGROTOXICO 

O Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos, em valores absolutos, com uma série histórica de consumo com forte crescimento entre 2009 e 2013, seguido de estabilização a partir de 2014 que se deu com o consumo ao redor de 500.000 toneladas/ano

Os maiores aumentos percentuais ocorreram no Espírito Santo (29,48%) e no Mato Grosso (28,11%). Em 2017, 72,07% dos estabelecimentos agropecuários de Santa Catarina, 71,18% dos do Rio Grande do Sul e 63,77% dos do Paraná usavam agrotóxicos.

ENERGIAS RENOVÁVEIS 

Fontes renováveis somaram um total de 42,9% do total de energia disponibilizado no país em 2017. Fontes não renováveis somaram 57,1%. Em 2017, a oferta interna de energia atingiu 292,1 Mtep – um acréscimo de 1,3% em relação ao ano anterior. Parte desse aumento foi influenciado pelo comportamento das ofertas internas de gás natural e energia eólica, que subiram 6,7% e 26,5% no período 2016-2017, respectivamente. 

A matriz energética brasileira possui em torno de 42% de participação de fontes renováveis em sua composição; 81,9% quando se faz um recorte para o setor elétrico. O Brasil tem investido para aumentar a diversificação com outras fontes renováveis de energia para atender a demanda e garantir uma maior segurança ao sistema elétrico brasileiro, de forma sustentável e com menos emissões de gases de efeito estufa que contribuem para a mudança do clima (ANA, 2017).

GESTÃO DAS ÁGUAS 

Embora o Brasil possua uma das maiores reservas de água doce do planeta, 80% dos recursos hídricos se concentram na Amazônia, que ocupa 45% do território brasileiro. Em outros 13% da área do País existem regiões semiáridas, com rios intermitentes, sujeitas a longos períodos de secas. A maior demanda por água no Brasil é realizada pela irrigação, com média anual de 46,2% do total de uso, seguida pelo abastecimento urbano, que corresponde a 23,3% do total médio anual (ANA, 2019).  

CONCLUSÃO

Esse breve resumo baseado no 6º RELATÓRIO NACIONAL PARA O BRASIL Convenção sobre Diversidade Biológica traz inquietações em algum setores e bons indicativos em outros  para, revelando que precisamos conhecer mais sobre nosso clima alem de investirmos em formas de produções sustentáveis, fazer valer a Legislação ambiental, investir em cidades sustentáveis, evoluir no setor da construção civil pois, não é cabível investimentos tão altos em condomínios, prédios e residências sem incentivo à sustentabilidade como energia solar, reuso de água, sistemas de tratamento de efluentes e biodigestores, também não podemos suportar a idéia de seres humanos em pleno século 21 literalmente comento lixo, como também precisamos diminuir o uso de agrotóxico na agricultura, afinal de contas o meio ambiente nada mais é que  o nosso lar .

Por Eduardo Carvalho, Engenheiro Agrônomo, Especialista em Recuperação Ambiental de áreas Degradadas e Contaminadas e Engenheiro de Segurança do Trabalho