A Bahia ainda tem muito o que avançar no combate às desigualdades de gênero e de raça no ambiente de trabalho. No estado, as mulheres negras recebem, em média, R$ 1.241 a menos do que os homens brancos, o que representa salários 30% mais baixos. Enquanto a remuneração média para elas é de R$ 2.890, os trabalhadores não negros e homens ganham R$ 4.131
As informações foram reveladas pelo primeiro Relatório Nacional de Transparência Salarial, divulgado pelos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego. Ao todo, foram analisados dados de 2 mil empresas baianas, que possuem 743,6 mil funcionários.
As informações mostram que quando as trabalhadoras são atravessadas por questões de gênero e raça, possuem a menor remuneração entre todos os colegas. Além de receber menos do que os homens, elas ainda têm salários 13% mais baixos que os das colegas brancas. As mulheres não negras na Bahia recebem, em média, R$3.300.
O marcador de raça também coincide com a menor remuneração dos homens negros, que recebem 18% a menos do que os trabalhadores não negros no estado. Os funcionários negros tem remuneração média de R$3.425. Sem considerar a autodeclaração dos empregados, as mulheres ganham 17,3% a menos que os homens na Bahia.
“Apesar das inovações técnicas e conceitos, o relatório traz algumas constantes que nós conhecemos. As mulheres ganham menos, independente da região. Existe uma escada onde as mulheres negras sempre estão na base, depois vem as mulheres brancas, os homens negros e os homens brancos. Nós precisamos mexer nessa base”, disse Ana Carolina Quirino, gerente de programa da ONU Mulher.
Nacionalmente, o cenário de desigualdades se repete. As mulheres negras recebem 47% a menos do que os homens brancos. Enquanto a remuneração para elas é de R$3.040, para eles, é de R$5.718. O relatório recebeu dados enviados por 49.587 empresas brasileiras. As informações devem ser disponibilizadas pelas empresas em redes sociais e sites, sob pena de multa de até 3% da folha de salários.
