Cinco regiões do centro antigo de Salvador perdem quase 10 mil moradores, entenda

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A mudança do centro financeiro de Salvador para a região do Iguatemi, a partir da segunda metade do século XX, deixou marcas que até hoje são visíveis no cotidiano de quem transita pela cidade. Em um extremo da capital, o trânsito intenso congestiona as principais vias. Do outro, cinco regiões que fazem parte do centro antigo perderam 9.882 moradores entre 2010 e 2022.

É o que aponta o módulo Agregados por Setores Censitários Preliminares, divulgado na quinta-feira (21), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pilar, Mares, Santana, Passo e Nazaré tiveram redução de mais de 30% no número de residentes cada. Os dados são referentes aos subdistritos, categoria que abrange mais de um bairro da cidade.

Pilar, que teve 35,5% de redução dos moradores, é formado por quase todo o bairro do Comércio. Lá, agora são 851 moradores, contra 1.319 em 2010. “Os bairros mais antigos, principalmente na Cidade Baixa, têm diminuição de moradores e domicílios. São localidades que estão se esvaziando de moradores e os imóveis estão se tornando comerciais”, analisa Mariana Viveiros, supervisora de disseminação de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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A realidade atual contrasta com os momentos áureos das localidades, que foram uma das primeiras a serem densamente povoadas na cidade. “As regiões circundavam o Centro Histórico da cidade e até hoje possuem igrejas imponentes, marcas das freguesias do passado. No século XIX, eram áreas residenciais e sofreram com o processo de mudança do eixo econômico da cidade”, explica o historiador Rafael Dantas.

Enquanto as localidades se tornam cada vez mais esvaziadas de moradores, problemas de infraestrutura e violência marcam a região. “O centro antigo virou uma área com uma série de problemas urbanos e com abandono de imóveis. Isso também é resultado de um projeto político que privilegiou o centro como um atrativo turístico e não cuidando do entorno como região residencial”, completa o historiador.

Para tentar reverter esse cenário, a Prefeitura de Salvador lançou medidas de incentivos fiscais para compradores de imóveis no Centro Histórico. Entre as ações está a isenção do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e a Taxa de Coleta, Remoção e Destinação de Resíduos Sólidos Domiciliares (TRSD).

Confira abaixo quais subdistritos mais perderam habitantes, segundo o IBGE

Pilar: 1.319 (2010) e 851 (2022) – 35,5%
Mares: 5.093 (2010) e 3.314 (2022) – 34,9%
Santana: 12.276 (2010) e 8.352 (2022) – 32%
Passo: 1.674 (2010) e 1.153 (2022) – 31,1%
Nazaré: 10.333 (2010) e 8.352 (2022) – 30,9%